quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
E quando não há pedras o suficiente?
Essa semana passei por uma situação muito ruim, onde revivi e relembrei coisas que achei que já tinha esquecido.
Sabe quando você lembra da ação de uma pessoa, e sente a mesma dor na exata proporção quando a pessoa te feriu?
Multiplique isso por 10 daí saberá do que estou falando!
Ontem refleti sobre o fato de as ações passadas dessa pessoa ainda me machucar tanto quanto lembro.
Existem dores que o coração não perdoa.
É complicado conviver com alguém que te feriu. Principalmente se esse alguém não assumiu o erro e não pediu perdão. Se esse alguém ainda age como se nada tivesse ocorrido.
Por mais que a ferida tenha se curado, a cicatriz ainda está lá. E cicatrizes na alma doem quando são expostas.
Durante a reflexão, resolvi ler a Meditação Matinal de 2006. Não sei bem por que, mas me senti impelida a isso.
Lá contava sobre uma mulher que havia sofrido atrocidades indizíveis durante seu aprisionamento em Auschwitz, um campo de extermínio da 2º Guerra Mundial.
Quando essa mulher foi questionada sobre que lembranças tinha a respeito dessa época, ela respondeu: " A muito tempo atrás decidi não ficar acampada lá!"
Isso me lembrou a cena do filme "Forrest Gump", onde a namorada do Forrest revê a casa em que passou a infância e sofreu maus tratos.
Ela começa a pegar pedras no chão e jogar contra a casa, quebrando vidros e etc...
Jogava com força enquanto chorava. Naquele momento estava relembrando toda dor que sentiu morando ali, e as pedras eram uma forma de "atacar" essa dor.
Exausta e impotente contra a dor que não diminuia, ela senta no chão e chora.
Então vem a célebre frase de Forrest: "Às vezes, não há pedras o suficiente."
Pensando nessas duas cenas eu vi que insistir em falar sobre minha dor, em tentar fazer com que a pessoa enxergasse os erros, era uma tentativa vã de amenizar a dor da cicatriz exposta.
Era uma atitude tão ineficaz quanto jogar pedras em casas...
Resolvi então ter a mesma atitude da mulher de Auschwitz: Decidi não ficar acampada lá!
O passado não é lugar pra se viver.
Podemos às vezes, abrir um pouco a janela da memória só para relembrar momentos bons.
Mas ficar vivendo presa por uma dor, não é vida.
Não há pedras suficientes para apagar o que aconteceu.
O que está no passado tem seus motivos para continuar lá.
Trazer o "passado" para o nosso presente, é querer sofrer uma nova dor desnecessária.
KM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário